sábado, 14 de setembro de 2013

PERRENGUE EM PEQUIM


Em 2011 fizemos um tour pela Ásia. Pequim, claro, não poderia ficar fora do roteiro.
Ficamos hospedados no Raffles Beijing Hotel. Muito bom. Staff super atencioso, instalações impecáveis e localização perfeita: pertinho da Cidade Proibida, palácio que serviu por mais de cinco séculos como residência do imperador.
Decidimos começar nosso passeio pelas redondezas do hotel, com visita, lógico, à imperdível Cidade Proibida.
Saímos do hotel caminhando. Chegando ao nosso destino, tiramos a típica foto em frente à imagem de Mao Tsé Tung.  Depois atravessamos os portões, que dão para pátios enormes.
Estava eu apreciando tudo, quando meu marido, pálido, diz:
-Precisamos retornar para o hotel.
- Por que? Não vai me dizer que esqueceu o dinheiro e não temos nem para os ingressos...
- Não é isso, preciso ir ao banheiro.
- Vamos procurar um banheiro público. Nessa área de 723.633m² o que não deve faltar é banheiro! respondi, na tentativa de salvar o passeio.
-PRECISO IR PARA O HOTEL!
- Vamos, claro, quem aqui está sugerindo o contrário? disse eu, sucumbindo ao apelo.
Cidade Proibida momentos antes do perrengue
 
 
Começamos a fazer o caminho de volta e enquanto eu dava adeus a toda aquela suntuosidade, meu marido avistou um tuk-tuk, carrinho típico da Ásia.
 À simples menção que ele fez de entrar em um tuk-tuk, eu listei os motivos para não fazê-lo. Eu havia lido em vários blogs que os condutores enganam os turistas, levam para locais diferentes do solicitado, enfim, não são nada confiáveis.
 
-Vou pegar aquele ali, a condutora é uma senhora, eu sou três vezes maior do que ela! respondeu meu Golias.
 Sucumbi mais uma vez. Entramos no tuk-tuk, não sem antes perguntarmos o preço da “corrida”.
 
- Fifty! Respondeu a velhinha.
- Fifty? Five Zero? Buscamos nos certificar.
- Yes! Confirmou ela.
E lá seguimos nós, num tuk-tuk bem apressadinho, que deu uma volta enorme e nos deixou na entrada de serviço do hotel.
Estranhamos, mas como a entrada principal do hotel ficava em uma movimentada avenida, concluímos que os tuk-tuks não tinham permissão para circular entre os veículos.
Meu marido, que a esta altura já estava verde, puxou a porta do carrinho tão logo estacionamos.
A indefesa velhinha segurou a porta e disse:
-Money first.
Ele, então, entregou os 50 yuans.
A velhinha, com um aceno negativo de cabeça, tirou do bolso um papel plastificado, no qual estava escrito em inglês que qualquer deslocamento custava 50 dólares por pessoa. Ou seja, a nossa volta no quarteirão iria nos custar 100 dólares.
O gigante entrou em cena, dizendo que não iria pagar o que praticamente havia pago do aeroporto até o hotel, que esse não era o valor que havíamos combinado, etc., etc.
Eu já estava preparando a minha cara de “Eu avisei” quando vejo três homens cercando o carrinho. Newton continuava esbravejando quando o interrompi para informá-lo que havíamos caído em uma armadilha. E que era melhor ele dar o dinheiro que tivesse ou Deus sabe o que fariam com a gente naquela ruazinha deserta.
Certamente os homens haviam nos seguido de moto ou bicicleta.
Mostramos o que tínhamos na carteira, que por sorte não era muito, o equivalente a 50 dólares, pois sempre temos o cuidado de sair do hotel apenas com o dinheiro que utilizaremos durante o dia.
A pobre, inocente e indefesa velhinha pegou o dinheiro e abriu a porta do tuk-tuk. Entramos correndo no hotel e, pasmem, a bendita dor de barriga passou.
Moral da história: Escute o que sua mulher diz. E vou mais longe: não menospreze as dicas de blogueiros!
 
 

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